Empregados do Departamento de Efluentes (DETE) da Cesama, incluindo chefe, coordenador, operadores, oficiais de serviços e obras e auxiliares técnicos, além de convidados participaram de um treinamento intitulado “Gerenciamento de lodos de esgoto em sistemas Lodo Ativados com Aeração Prolongada (LAAP)" na tarde dessa quarta-feira, 31. A capacitação, realizada no auditório da companhia e conduzida pelo professor doutor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Edgard Dias, teve como foco esse processo mundialmente utilizado e ainda pouco presente no Brasil, mas que, em Juiz de Fora, já é aplicado na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Barbosa Lage.

Conforme explicou o professor aos presentes, “o esgoto sanitário é formado por 99,9% de água e só 0,1% de resíduos, sendo esses, essencialmente, matéria orgânica, sólidos em suspensão e nitrogênio e que, apesar do baixo índice, são o suficiente para causar grandes estragos”. Por isso, ele completa, “é tão importante passar por tratamento, para a remoção de matéria orgânica, que acontece por processos biológicos, ou seja, pela ação de microrganismos, que vão consumir esse material para produzir energia, se multiplicar para produzir novas células”.

Nessa linha de pensamento, está o processo de lodos ativados com aeração prolongada, que dá nome ao treinamento. Segundo Edgard, trata-se de uma técnica de tratamento de esgotos que envolve a oxigenação contínua do lodo misturado com águas residuais, ou seja, que utiliza bactérias aeróbicas para decompor a matéria orgânica, resultando em um tratamento mais eficiente e menos poluente. “A evolução do conhecimento no que diz respeito ao tratamento de esgoto, no Brasil e no mundo, mostrou que a recirculação do lodo provoca um aumento da eficiência no sistema, daí o nome de lodos ativados, sendo hoje um método tão empregado no mundo”, destacou o docente.

Notoriedade que, segundo ele, hoje motiva diversas pesquisas sobre o tema e que reforça a importância do trabalho em conjunto com a Cesama. “É uma parceria interessante para ambos os lados, do ponto de vista de dar oportunidade de conhecimento para a companhia e para toda a nossa equipe, incluindo alunos de mestrado e doutorado, na consciência de que o saber deve ser contínuo.” Por isso, ele completa, mais do que um treinamento, “nosso objetivo foi realizar um bate-papo, ouvir quem está na operação, no dia a dia e, ao mesmo tempo, esclarecer dúvidas, apresentar e absorver coisas que possam ser aplicadas, tanto em Barbosa Lage quanto nas outras estações, mesmo que com adaptações”.

O gerente de Operação da Cesama, Paulo Valverde, também destaca a contrapartida para a companhia. “Essa parceria nos oferece apoio técnico, na operação e na inovação de nossas ETEs, como o que vem sendo feito em Barbosa Lage, onde os pesquisadores realizam um acompanhamento semanal, analisando dados, verificando a qualidade do efluentes, limites. Tudo isso em uma busca contínua de melhoria dos nossos processos.”

Uma das presenças no treinamento, o técnico em Química Thalisson Santos Souza concorda. “Esse tipo de treinamento nos dá uma base para corrigir problemas de forma mais rápida, além de facilitar nossa tomada de decisão e impactar, cada vez mais, na melhoria de nossos índices de esgoto tratado”, conclui.