16/02/2024 Cesama e Instituto Epros se unem em projeto de reciclagem de óleos comestíveis
Descartado de forma incorreta, um único litro de óleo polui 25 mil litros de água, eleva em R$0,25 o gasto público com tubulações, além de aumentar a proliferação de ratos e baratas e muitos outros agravantes. É com base em dados como esse, apresentados pela presidente do Instituto Epros, Flávia David, em um evento em 2023, que a Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) assina um convênio voltado à importância da reciclagem de óleos comestíveis. A parceria, que acontece por meio do Grupo de Responsabilidade Socioambiental da companhia com o Epros, prevê a instalação de 300 ecopontos para coleta desse material de grande impacto no desgaste das redes de esgoto, sendo instalados em escolas, associações, institutos e estabelecimentos, como mercearias, padarias e revendas de gás.
“O projeto possui relevância em função da aderência entre os impactos ambientais positivos provocados pela reciclagem do óleo no trabalho da Cesama de manutenção e preservação das redes de esgoto e dos recursos hídricos”, explica Patrícia Groppo, coordenadora do Grupo de Responsabilidade Socioambiental da companhia. Ela completa que trata-se de “uma rede de manutenção cara, difícil de ser feita, que exige muito cuidado, pois é responsável pela coleta e tratamento de um material extremamente contaminante”.
O projeto consiste na mobilização para a ampliação de postos de coleta, com benefícios reais para todos os envolvidos na causa. “Para cada litro de óleo arrecadado, o estabelecimento vai receber um valor por ele”, explica Flávia. Esse retorno financeiro, ela completa, poderá ser utilizado como forma de economia e estímulo à população. “Em uma revenda de gás, se você levar dois litros de óleo, por exemplo, o estabelecimento pode garantir um desconto na compra do botijão”.
No caso de associações e escolas, o dinheiro arrecadado poderá ser usado, por exemplo, em novos projetos. “É uma logística reversa do óleo, promovendo uma grande mobilização e conscientização”, explica Flávia. E ela destaca os pormenores que envolvem esse trabalho. “Você nunca trabalha o meio ambiente de forma isolada. Não é só montar um ponto de coleta, mas passamos de sala em sala, conversando com os alunos, distribuindo materiais informativos, encartes atrativos, montamos uma tenda para as mobilizações e seguimos junto à escola para a realização de outros projetos com o mesmo objetivo.”
Nesse destino ambientalmente responsável dado ao óleo usado, a iniciativa permite muitos outros ganhos. É que, além de responsável pela coleta, o trabalho do Epros inclui o beneficiamento do material, transformando em energia limpa, o biodiesel. “Com isso, reduzimos a emissão de CO2, uma vez que o biodiesel é responsável por muito menos liberação desse gás para a atmosfera, ao contrário do metano, muito mais poluente, resultante do óleo de cozinha”. A contrapartida de todo esse trabalho, segundo Flávia, é certeira. “Quanto mais educação a gente leva, mais mobilização, mais alcance e menos degradação”.