12/05/2023 Cesama reúne trabalhadoras em workshop sobre violência contra a mulher
“É pelo trabalho que a mulher diminui a distância que a separa do homem, somente o trabalho pode garantir uma independência concreta.” Foi com essa citação da escritora Simone de Beauvoir que a advogada e especialista em Direito da Mulher, Camila Rufato Duarte, encerrou sua fala para as trabalhadoras da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama) na manhã desta sexta-feira, 12. O conteúdo, ministrado durante o workshop "Mulheres no mercado de trabalho e o assédio", é apenas o início de uma série de atividades da empresa, que serão realizadas durante a campanha “Cesama sem assédio”. A iniciativa será desenvolvida também nas unidades da companhia ao longo do mês de maio, para conscientizar os trabalhadores sobre todas as formas de assédio e suas implicações jurídicas.
“Esse encontro é um marco, pois reunimos nossa equipe de mulheres para mostrar que estamos em um momento de evolução, de solidariedade, onde a Cesama está de portas abertas para dar todo apoio possível a elas no combate às mais diversas formas de violência”, enfatizou a gerente de Recursos Humanos, Renata Fernandes. De fato, a realidade mostra que, dentro ou fora do ambiente de trabalho, ainda há muito a se avançar. “Piadas, toques, elogios, olhares sem consentimento não podem ser naturalizados. Assim como gritar, humilhar, diminuir ou outras situações de assédio, que vão além do sexual: o psicológico, o patrimonial, o moral e outros já previstos na Lei Maria da Penha”, exemplificou a advogada Camila.
Dados e pesquisas, apresentados pela palestrante durante o evento, comprovam a discrepância entre homens e mulheres na sociedade e também no mercado de trabalho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, só 37,4% das mulheres ocupam posições gerenciais no Brasil, sendo a maioria com maior capacitação técnica. Pesquisa da Universidade George Washington apontou que as mulheres são 2,1 vezes mais interrompidas no ambiente de trabalho em conversas de três minutos.
Informações do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) revelaram que 46% das mulheres já sofreram algum tipo de abuso sexual em 2022, 65% assédio moral e, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 97% das mulheres afirmam não ter denunciado após sofrerem violência.
Além de apresentar, desmistificar e exemplificar conceitos que fazem parte do ambiente de violência contra a mulher, como assédio, importunação sexual, intimidação, estupro, machismo e tantos outros, o workshop foi também uma oportunidade para que as mulheres se sentissem confortáveis em expressar sobre a dimensão do tema em suas vidas. “Eu amo esses eventos porque, com eles, aprendemos e interagimos", conta a assistente administrativa da Cesama, Maria Claudiana Afonso. Fala compartilhada pela também assistente administrativa, Ana Maria Silva. “Muita coisa a gente já sabe, mas é muito bom reforçar. Sem contar a importância de levar esse tema para os homens também, até para que eles saibam que nós estamos cientes dos nossos direitos.”
Segundo Camila, o local de trabalho deve ser também uma rede de apoio às mulheres contra a violência. “Nós devemos ter sororidade, ou seja, empatia umas com as outras, acabando com rivalidade que existe no universo feminino. Em uma situação de violência, por exemplo, é acreditar na palavra da vítima, acolher, apoiar a denúncia, sem tentar omitir o assédio, e testemunhar, caso seja necessário".
A chefe do Departamento de Saúde e Segurança no Trabalho (DEST), Patrícia Groppo, afirmou que a equipe da Gerência de Recursos Humanos (GERH) está empenhada em buscar melhorias institucionais para o acolhimento do trabalho feminino na Cesama. "Dada a natureza operacional do trabalho na nossa empresa, tradicionalmente executada por homens, este é um desafio para romper paradigmas, o que exige muito diálogo e esforço coletivo. O workshop é o início para a construção de uma rede de apoio e enfrentamento dos desafios, além de um processo de educação e orientação sobre o tema. O DEST está aberto para escuta e identificação das necessidades de melhoria nos processos de trabalho para torná-los acessíveis a todos e todas, porque o lugar da mulher é onde ela precisa estar para executar as suas atividades", finalizou.